Ninguém disse que construir uma empresa era fácil. Mas é hora de ser honesto sobre como isso pode realmente ser brutal – e o preço que empreendedores pagam por isso
Por todos os aspectos, Bradley Smith é um empreendedor de sucesso inquestionável. Ele é CEO da Rescue One Financial, uma empresa de serviços financeiros na California que fechou o ano de 2012 com 32 milhões de dólares em vendas.A empresa de Smith cresceu mais de 1400% nos últimos 3 anos, estando na posição 310 da Inc. 500 desse ano.
Dito isso, você não deve imaginar que, há exatos 5 anos atrás, Smith estava à beira da ruína financeira e do colapso mental.
Em 2008 Smith estava trabalhando longas horas aconselhando clientes nervosos sobre como sair da dívida.
Mas o seu comportamento calmo e mascarado tinha um segredo: ele compartilhava de seus medos. Como seus clientes, Smith foi afundando em mais e mais dívidas.
Ele estava bem perto do vermelho – em todos os sentidos.
Eu estava ouvindo o quão deprimido e viciado meus clientes estavam, mas no fundo eu estava pensando comigo mesmo, eu tenho o dobro da dívida desse cara, lembra Smith.Ele havia estourado a sua linha de crédito de 60 mil dólares. Ele havia vendido seu Rolex que havia comprado com o seu primeiro salário na sua carreira anterior de corretor.
Ele se humilhou diante de seu pai, o homem que acreditava em máximas como, “dinheiro não da em árvore” e “não se faz negócios com a família”, pedindo emprestado 10 mil dólares emprestado, valor que só recebeu após assinar uma promissória com juros de 5%.
Smith projetou otimismo aos seus co-fundadores e 10 funcionários, mas seus nervos estavam em frangalhos.
Minha esposa e eu gostaríamos de dividir uma garrafa de vinho para o jantar, mas um apenas olhava lamentando para o outro. Nós sabíamos que estávamos perto do abismo.Em seguida, a pressão ficou ainda pior: o casal descobriu que estava esperando seu primeiro filho. Eles ficaram noites sem dormir, olhando para o teto. Smith acordava às 4h da manhã, preocupado, pensando sobre a situação e se perguntando quando é que as coisas iriam acontecer.
Após 8 meses de ansiedade constante, a empresa de Smith finalmente começou a ganhar dinheiro.
Para quem gosta de empreendedorismo, os empreendedores bem sucedidos têm status de herói em nossa cultura. Nós idolatramos Mark Zuckerberg e Musks Elon. E comemoramos o crescimento incrivelmente rápido das empresas na Inc. 500.
Mas, muitos desses empreendedores, como Smith, carregam seus demônios secretos: antes de se tornarem grandes empreendedores, eles lutaram por momentos de ansiedade quase debilitante e desesperado, em que tudo parecia desmoronar.
Até recentemente admitir esses sentimentos era um tabu. Em vez de mostrar a vulnerabilidade, os líderes têm praticado o que os psiquiatras chamam de gerenciamento de impressão.
Toby Thomas, CEO do EnSite Solutions, empresa 188 na Inc. 500, explica o fenômeno com sua analogia favorita: um homem montado em um leão.
As pessoas olham para ele e pensam: esse cara realmente tem colhão. Ele é corajoso. Mas o homem montado em um leão está pensando: como diabos eu vim parar em cima de um leão, como eu faço para evitar ser comido?Nem todo mundo aguenta o peso. Em janeiro, o conhecido fundador do e-commerce Ecomom tirou a própria vida. Sua morte abalou a comunidade startup.
Ela também reacendeu a discussão sobre empreendedorismo e saúde mental, que começou há 2 anos após o suicídio de Ilya Zhitomirskiy, de 22 anos, co-fundador da Diaspora, uma rede social.
Ultimamente mais empreendedores começaram a falar sobre suas lutas internas na tentativa de combater o estigma sobre a depressão e a ansiedade que faz com que seja difícil para os doentes procurar ajuda.
Em um post profundamente pessoal chamado, “When Death Feels Like a Good Option”, Ben Huh, CEO dos sites de humos Cheezburguer escreveu sobre seus pensamentos suicidas após o fracasso de uma startup em 2001.
Sean Percival, ex-vice-presidente do MySpace e co-fundador da startup de roupas para crianças Wittlebee, escreveu um post chamado, “When It’s Not All Good, Ask for Help”, em seu site.
Eu estava na beira do abismo e quase desisti de tudo no ano passado por conta da depressão e da pressão sobre meu negócio. Se você está prestes a desistir, por favor contate-me.Brad Feld, diretor executivo do Foundry Group, começou a blogar em outubro sobre o seu mais recente episódio de depressão. O problema não é novo – o capitalista de risco proeminente lutou com transtornos de humor durante toda a sua vida adulta.
Mas então vieram os e-mails. Centenas desses e-mails. Muitos eram de empreendedores que também lutaram com a ansiedade e com o desespero.
Se você visse a lista de nomes, seria uma grande surpresa. Eles são pessoas muito bem-sucedidas, muito carismáticas e cheias de visibilidade. Mas ele têm lutado em silêncio. Há uma sensação de que eles não podem falar sobre isso, que é uma fraqueza ou vergonha. Deixar a coisa escondida e presa, torna tudo pior.Se você é empreendedor, tudo isso pode acabar soando familiar pra você. É um trabalho estressante que pode criar turbulência emocional. Para começar há o grande risco do fracasso.
A estatística afirma que, 3 em cada 4 startups falham, de acordo com uma pesquisa feita por Shikhar Ghosh, um professor da Harvard Business School. Ghosh também constatou que mais de 95% das startups ficam aquém de suas projeções iniciais.
Os empreendedores muitas vezes conciliam muitos papéis e enfrentam inúmeros contratempos: clientes perdidos, disputas com parceiros, aumento da concorrência, problemas de pessoal, etc., tudo ao mesmo tmpo.
Para complicar as coisas, os novos empreendedores muitas vezes tornam-se menos resistentes por negligenciar a sua saúde. Eles comem demais ou muito pouco. Eles não dormem o suficiente.
Por isso não deve ser nenhuma surpresa o fato de empreendedores experimentam mais ansiedade do que seus empregados.
Na última Gallup-Healthways Well-Being Index, 34% dos empreendedores se declararam preocupados, 4 pontos a mais do que os outros trabalhadores. E 45% dos empreendedores disseram que estavam estressados, 3 pontos a mais do que os outros trabalhadores.
Mas, pode ser muito mais do que apenas um trabalho estressante que empurra os empreendedores para o abismo. Segundo pesquisadores, muitos empreendedores compartilham traços de caráter inato que os tornam mais vulneráveis às oscilações de humor.
As pessoas que estão do lado energético, motivado e criativo são mais prováveis de serem empreendedoras e mais propensas a terem fortes estados emocionais.Esses estados podem incluir depressão, desespero, desesperança, inutilidade, perda de motivação e pensamento suicida.