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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O hambúrguer e o Custo Brasil

Em 1986 a conceituada revista The Economist criou um índice para avaliar o nível de apreciação ou depreciação de diversas moedas nacionais em comparação com o Dólar norte-americano, utilizando como referência um único bem, o Big Mac.
A ideia se baseia na teoria da Paridade do Poder de Compra, segundo a qual a taxa de câmbio nominal deve refletir os preços relativos de duas moedas. Dessa maneira, se um mesmo produto, custa R$ 2,00 no Brasil e US$ 1,00 nos Estados Unidos, o Dólar deveria custar R$ 2,00 no Brasil.
A escolha do Big Mac se deu por este produto ser similar em todo o mundo, sendo assim ideal para se comparar países com realidades tão distintas entre si, como Brasil e Estados Unidos, por exemplo.
Considerando o índice Big Mac de março de 2006, um indivíduo poderia comprar um hambúrguer nos Estados Unidos com US$ 3,10. Nesta mesma data, no Brasil, o preço equivalia a US$ 2,98. Mais barato em US$ 0,12 na comparação.
Já em janeiro de 2013, se um indivíduo comprasse um hambúrguer em território norte-americano, pagaria US$ 4,07. Porém, se quisesse comprar o mesmo Big Mac no Brasil teria que gastar o equivalente a US$ 6,16, passando, portanto de uma sobra de US$ 0,12 em 2006 para uma falta de US$ 2,09 em 2013, quando comparado a um comprador norte-americano.
O índice Big Mac mostra que a taxa de câmbio brasileira está sobrevalorizada em mais de 30%, mas se analisarmos o preço do dólar neste mesmo período, observamos que o Real valorizou-se frente à moeda americana em aproximadamente 7,5%.
Ainda que se devam considerar inexatidões no Índice Big Mac, é inegável que o expressivo aumento observado no preço do hambúrguer em Dólar, neste período, representa aquilo que qualquer cidadão brasileiro tem se deparado nos últimos anos, qual seja, o encarecimento do custo de vida e consequente perda do poder aquisitivo da moeda.
Basta olharmos ao redor para concluirmos que esta perda do poder aquisitivo se dá face ao aumento da renda nominal dos brasileiros sem a contrapartida de crescimento do rendimento dos fatores de produção. Ou seja, há mais moeda em circulação e uma classe média emergente, mas a oferta de bens e serviços não atende a demanda com a eficiência necessária, gerando demanda reprimida e aumento de preços.
O hambúrguer é igual em todos os cantos do mundo, mas o mesmo não se pode dizer da eficiência do capital humano, da qualidade infraestrutura, da eficiência logística, do risco e do custo do capital para o empreendedor, da carga e da complexidade tributária.
A perda do poder aquisitivo da moeda brasileira, simbolizada pelo preço de um Big Mac, representa a ineficiência da produtividade nacional, nos levando a refletir sobre a necessidade de uma agenda econômica mais profunda e que vá além de medidas pontuais, ora para incentivar o crescimento de determinado setor, ora para controlar a inflação, como tem se observado.
Rodrigo Piazzeta - Economista e Diretor Financeiro da Pactum Consultoria Empresarial

Fonte: Administradores

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