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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Desenvolvimento de semicondutores promete melhora para a economia brasileira

A área de semicondutores está, sem dúvida, em expansão. Smartphones, tablets e notebooks são alguns dos dispositivos que utilizam chips na sua composição. Como a venda desses aparelhos cresce rapidamente, a produção e inovação de cada um dos elementos integrantes também prosperam. É com olhar nesse panorama que a Unisinos está desenvolvendo o Instituto Tecnológico de Semicondutores.  Uma das principais contribuições para o sucesso desse empreendimento é a vinda do professor norte-americano Gregory Book, Ph.D em Ciências dos Materiais. Ele foi convidado para lecionar na universidade e para auxiliar no processo de instalação do ITT Chip. Confira o que Book conta sobre a nova vida no Rio Grande do Sul.
Um americano entre nósUm tímido “oi”, logo seguido por um sorriso, é a maneira com a qual Gregory Book cumprimenta qualquer pessoa. A saudação seria normal, algo que passaria despercebido, não fosse o fato de essa ser uma das poucas palavras que ele fala em português. O professor da cidade de Atlanta, no estado da Georgia, está há dois meses morando em Porto Alegre e lecionando no Mestrado Profissional em Engenharia Elétrica da Unisinos. Antes de embarcar, ele bem que tentou aprender o idioma, mas diz que o achou muito difícil.
Gregory Book - Unisinos
A sua vinda não ocorreu por acaso. Em abril de 2012, o reitor da Unisinos, Padre Marcelo Fernandes de Aquino, juntamente com uma comitiva, visitou o Georgia Tech, instituto de tecnologia da Universidade da Georgia. Na época, o professor Book trabalhava na instituição como diretor assistente do Instituto de Eletrônica e Nanotecnologia. Em outubro daquele ano, veio ao campus São Leopoldo para participar como palestrante do II Fórum Brasil-Coreia, mas na ocasião a passagem foi rápida. Nesta época, ficou sabendo do interesse de trazer um especialista em semicondutores para as terras distantes do Rio Grande do Sul. “Eu não queria perder nenhuma oportunidade. Sempre quis viver em outro país, aprender outra língua e cultura”, conta. Imediatamente, ele se ofereceu para o desafio.
Apesar de parecer uma decisão fácil, os olhos com lágrimas do professor revelam que não foi tranquilo. “Tem sido difícil, porque eu tenho os meus filhos”, desabafa. Divorciado, Book deixou três adolescentes em casa, com idades entre 13 e 18 anos. A saudade, no entanto, é amenizada uma vez por mês, quando ele visita a família. “Quando eu volto, consigo ter um tempo de qualidade com eles”, relata.
Ao desembarcar em Porto Alegre, a primeira sensação foi de surpresa. Tudo era novo e desconhecido. “Não podia ir ao mercado, comprar um celular ou pedir comida em um restaurante porque eu não falava português”, lembra. Book relata que dois sentimentos opostos surgiram: o de felicidade, por estar em um lugar diferente tentando algo novo, e o de angústia, por não conseguir realizar as atividades normais do dia-a-dia.
Por enquanto, as aulas ministradas por ele estão ocorrendo em inglês. Com dois alunos em sala de aula, a dinâmica acaba não sendo tão complicada. Um dos estudantes entende o idioma e ajuda o colega a compreender o conteúdo passado pelo professor norte-americano. “Talvez seja até melhor para eles, porque passamos bastante tempo discutindo cada tópico”, observa. A missão principal de Book na Unisinos, no entanto, é outra. Ele veio com a incumbência de auxiliar na implantação do Instituto Tecnológico de Semicondutores da universidade. Nos próximos dois anos, essa será a principal atividade do professor, que já pensa em ficar mais tempo por aqui. “Vamos ver, estou aberto a isso”, diz.
Estados Unidos x BrasilBook vê muitas diferenças entre o seu país de origem e o Brasil. Um deles, e o mais preponderante, são as pessoas. O professor conta que os brasileiros são muito acolhedores e, sempre que podem, tentam ajudar. “É fácil fazer amigos aqui”, salienta. Já os norte-americanos, para ele, são simpáticos, mas não há a certeza de que estejam sendo sinceros. “Aqui, se alguém te diz o que está pensando, é verdadeiro”, explica.
Para o norte-americano, dois pontos negativos do país tropical são a comida e os transportes. Ele esclarece que uma obra de mobilidade urbana que aqui dura meses leva apenas alguns dias para ficar pronta na sua terra natal. A qualidade das rodovias também é um ponto preocupante de acordo com Book, que se desloca diariamente de ônibus para o campus. Quanto à culinária, a crítica do professor é sobre os restaurantes típicos. Nos Estados Unidos, grande parte dos donos desses estabelecimentos é nativa do país, o que torna a cozinha mais autêntica. Já no Brasil, há uma descaracterização dessas comidas.
Outra diferença grande entre os países - e que está bastante presente na vida do professor - é relativa às universidades americana e brasileira. Na terra natal de Book, as aulas ocorrem durante o dia, e os estudantes moram no campus. Entretanto, na Unisinos e em tantas outras instituições do Brasil, grande parte das atividades se dá à noite. Ele comenta que, para quem trabalha e leciona ou estuda na universidade, essa dupla jornada faz com que os dias sejam bastante longos.
Mas não é só do Brasil que o professor Book tem críticas. “Somos muito presos aos Estados Unidos”, relata. Ele esclarece que, no seu país, não há uma preocupação em conhecer outras culturas. “Nós moramos no melhor país do mundo. Não quero parecer convencido, mas é o melhor país do mundo. Temos tudo que quisermos, a vida é boa e a infraestrutura é ótima. Outras pessoas aprendem sobre a nossa cultura para fazer negócios, e o idioma global é o inglês. Então somos isolados com a cultura”, revela.
Para ele e todos os demais profissionais que pretendem trabalhar com semicondutores, o futuro é promissor, basta olhar às pesquisas: ainda em 2013, esse mercado deve chegar à marca de US$ 319 bilhões em receita. E o que vem a partir daí tende, cada vez mais, a melhorar.

BELISA LAZZAROTTO  -  Unisinos
 
Fonte: Insistimento

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