A
inteligência emocional é capacidade de identificar os nossos sentimentos e das
pessoas que nos cercam, base da auto-motivação e do controle das emoções dentro
de nós e em nossos relacionamentos.
Com
a crescente valorização do ambiente de trabalho e a sua real importância nas
tomadas das decisões, a inteligência emocional surge como uma ciência de
resultados consistentes e de grande aplicação no ambiente corporativo.
Este
trabalho pretende mostrar o conceito de inteligência emocional, a aplicação
deste estudo da psicologia com o enfoque nas organizações. Evidenciar as
diferenças entre o quociente de inteligência (QI) e o quociente emocional (QE).
Aumentar
os conhecimentos nesta área é com certeza desenvolver as aptidões emocionais,
ferramentas que são de extrema importância para o conhecimento do
administrador.
Tende
como base a teoria do psicólogo Daniel Goleman, PhD pela Universidade de
Harvard, este trabalho visa mostrar a importância das emoções no contexto das
organizações, tornar evidente o papel do administrador nas relações.
A DEFINIÇÃO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SUA
APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Frente
aos desafios do mundo moderno, as empresas estão investindo cada vez mais em
seus colaboradores. As organizações estão reconhecendo a importância da
psicologia e aplicando seus conhecimentos para melhores resultados. O que é a
inteligência emocional?
Inteligência
Emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de
expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles
facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento
emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento
emocional e intelectual. (Mayer & Salovey, 1997, p. 15)
Daniel Goleman, psicólogo PhD de Harvard, autor de Inteligência Emocional, afirma que temos dois tipos de inteligência distinta: o QI e a QE. Na melhor das hipóteses, o QI contribui com cerca de 20 por cento para os fatores que determinam o sucesso na vida, o que deixa 80 por cento por conta de outras variáveis. O QI pode lhe dar o emprego, porém, é o QE que garantirá as promoções. Isto explica como pessoas com pouco estudo ou insuficiente para o cargo que exercem, obtém resultados expressivos, alcançando os objetivos propostos, se mantendo na empresa com boa performance, ativos, com indicadores de desempenho favoráveis,devido a um alto grau de Quociente Emocional. O QI diz respeito á gerar, planejar boas idéias. O QE relaciona-se a realização, colocar em prática, ação. O QE não é hereditário, aprende-se a lidar com as emoções no decorrer da vida. As emoções fortes como raiva ou ansiedade criam um bloqueio na região frontal do cérebro responsável pelo raciocínio.
Qual
a importância da inteligência emocional nas organizações? O que agregará a
empresa? Visando ter mais competitividade no mundo capitalista as organizações
vêem a necessidade de investir consideravelmente em seus colaboradores. Os
lideres precisam estar preparados para enfrentar os desafios no ambiente
corporativo. Os efeitos causados por um mau temperamento, trabalhadores
intimidados ou ainda chefes arrogantes, são conseqüências que refletem no nível
de produtividade, perdas de prazo, erros, acidentes, uma série de problemas que
vão se acumulando.
O
custo-benefício proporcionado pela idéia da inteligência emocional nas
organizações está cada vez mais evidente. Uma pesquisa entre empregadores
americanos mostrou que 50% dos funcionários carecem de motivação para continuar
aprendendo; 4 em cada 10 pessoas não sabem trabalhar cooperativamente; 19% dos
funcionários tem autodisciplina; 70% de todas as iniciativas fracassam devido a
problemas com pessoas.
A
idéia de colocar em pratica a inteligência emocional dentro das organizações
traz controvérsias com relação aos comportamentos tradicionais de certas
organizações. Ainda hoje predomina em algumas organizações visão do tipo: no
trabalho deve se usar a cabeça e não o coração; a empatia e a solidariedade
podem colocar em conflito as metas organizacionais; se não houver um
distanciamento afetivo não é possível tomar decisões duras.
É
exigido cada vez mais do líder competências em comunicação oral e escrita, capacidade
de escutar, negociar, administrar conflitos, estabelecer estratégias,
influenciar positivamente o comportamento das pessoas com quem trabalha. Os
líderes precisam de qualidades tais como: honestidade, ética, energia,
flexibilidade, comprometimento, empatia, sensibilidade, bom humor, consciência
e humildade.
Como
observou Shoshona Zuboff, psicóloga da Escola de Comércio de Harvard:
as
empresas passaram por uma radical revolução neste século, e com isso veio uma
correspondente transformação da paisagem emocional. Houve um longo período de
dominação administrativa na hierarquia empresarial, quando se premiava o chefe
manipulador, combatente da selva. Mas essa hierarquia rígida começou a
desmoronar na década de 80, sob as pressões vindas tanto da globalização como
da tecnologia de informação. O combatente da selva hoje simboliza o que as
empresas eram ontem. O virtuose em aptidões interpessoais é o que as empresas
serão amanhã. (Shoshona Zuboff, In the Age of the Smart Machine,1991).
As
emoções são fontes de poder pessoal mais poderosa do que o poder de posição. Os
sentimentos proporcionam informações vitais e podemos crescer todos os dias. A
essência de uma vida plena de significado e sucesso é estar sintonizado com o
nosso interior, conseqüentemente, estimulando para os outros o EU REAL, ativado
pelos nossos valores mais profundos.
O
líder precisa estar consciente de suas responsabilidades, deve e pode
influenciar sem manipulação e sem autoridade. O líder inteligente
emocionalmente tem consciência de seus hábitos e das pressões que sofre no
cotidiano. Aprendendo sempre a perceber, relacionar-se, inovar, priorizar e
agir de maneira que leve em consideração a valência emocional, em vez de
depender somente da lógica, do intelecto ou do pensamento concreto.
O
ambiente de trabalho é fator de grande importância para o aumento da
produtividade, satisfação pessoal. Imagine um grupo de trabalho onde as pessoas
não podem expressar sua raiva e não é sensível ao que sentem as pessoas à sua
volta. Com certeza esse grupo de trabalho será improdutivo: quando as pessoas
estão emocionalmente perturbadas, elas não acompanham, não aprendem nem tomam
decisões com clareza.
Gardner
explora a dimensão da inteligência pessoal, suas teorias enfatizam a percepção,
a compreensão de si e dos outros e na relação com os outros. Gardner após dez
anos da publicação de sua teoria destaca as inteligências inter e intrapessoal.
Inteligência
interpessoal é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva,
como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. As pessoas que
trabalham em vendas, políticos, professores, clínicos e líderes religiosos
bem-sucedidos provavelmente são todos indivíduos com altos graus de
inteligência interpessoal. A inteligência intrapessoal... é uma aptidão
correlata, voltada para dentro. É uma capacidade de formar um modelo preciso,
verídico, de si mesmo, e poder usá-lo para agir eficazmente na vida. (Howard
Gardner, Multiple Intelligences: The Theory in Practice, 1993, p. 9)
É
o líder o formador de valores, guia e receptor da inteligência emocional. Sabe
que esta sendo observado, mesmo de longe, notado nos mínimos detalhes do seu
discurso, gestos, sentidos e comportamentos diários que são percebidos,
interpretados e lembrados por quase todos com quem se relaciona.
Os
lideres que desenvolvem a inteligência emocional são visionários, possuem
empatia, procura o desenvolvimento dos outros, autoconhecimento, permite a
colaboração, tem iniciativa, autocontrole, são autoconscientes.
A ARTE DA
CRÍTICA
O
feedback é uma das aptidões emocionais de grande relevância. O feedback
possibilita a troca de informação, permite as pessoas saberem se seus trabalhos
estão sendo bem executados, se precisam aprimorá-las, melhorar ou reformular
totalmente. A ausência de feedback faz as pessoas ficarem no escuro, não tem
idéia de como o chefe está avaliando seu trabalho, o que é esperado.
A
crítica é uma das mais importantes tarefas do administrador. Entretanto, poucos
dominam bem esta difícil arte. A eficiência, a satisfação e produtividade das
pessoas no trabalho dependem de como lhe são transmitidos os problemas
incômodos.
As
críticas são muitas das vezes expressas mais como uma forma de ataque pessoal
do que como uma reclamação específica. Há certas agressões que trazem consigo
forte carga de repugnância, sarcasmo e descaso. Este tipo de atitude provoca
nas pessoas o retraimento total, resistência passiva provocada pelo sentimento
de ter sido injustamente tratado.
Uma
das criticas mais destrutiva no local de trabalho é a declaração generalizada.
Ela deixa a pessoa que recebe impotente e com rancor. Esta crítica demonstra
ignorância acerca dos sentimentos que serão provocados nas pessoas que recebem
e nas conseqüências que refletirá em sua motivação, energia e confiança na
execução dos trabalhos.
A
maioria dos problemas no desempenho de um funcionário não surge rapidamente,
quando o chefe não avalia imediatamente o que está acontecendo, vai levando um
acúmulo de frustração. Algum dia irá explodir. Se desde o início a crítica
tivesse ocorrido, o funcionário teria corrigido o problema e evitaria todo este
conflito. É preciso utilizar a crítica de maneira inteligente, não deixando
para fazê-la apenas quando já estiver "transbordando".
A
crítica hábil é construtiva, possibilita a pessoa saber realmente suas
deficiências e permite a ela trabalhar para alcançar um melhor desempenho. Essa
crítica concentra-se no que a pessoa fez e no que pode fazer, ignorando algum
traço do caráter da pessoa num trabalho malfeito.
É
preciso fazer algumas observações para que as críticas sejam produtivas: ser
especifico, é preciso ser claro e objetivo, concentrar-se nos detalhes, dizer
exatamente qual o problema, o que está errado; oferecer uma solução: a crítica
deve ser acompanhada de uma sugestão, pois assim possibilita a pessoa que
recebeu ter maiores alternativas; fazer a critica pessoalmente, as críticas são
mais efetivas em particular, pois cara-cara possibilita a pessoa responder ou
prestar algum esclarecimento; ser sensível, a empatia é uma das aptidões que
possibilita a pessoa estar sintonizado no impacto que provoca com o que é dito
e como você diz pessoa a quem se dirige.
TRABALHO EM
GRUPO
Peter Drucker já dizia que são as equipes e não os esforços de um individuo que constituem a unidade de trabalho. A reunião é com certeza uma das mais comum forma de trabalho em equipe. Daniel Goleam observa que a hierarquia explicita constitui o esqueleto da organização, enquanto que os pontos de contato humano são o sistema nervoso central.
Sempre
que as pessoas se reúnem para partilhar idéias há sempre num sentido concreto
um QI de grupo, que nada mais é que a soma dos talentos e aptidões dos
envolvidos. O êxito deste grupo dependerá do nível desse QI.
É
de fundamental importância destacar que para alcançar um alto QI de grupo é
preciso haver uma harmonia entre os membros, essa harmonia tornará o grupo mais
talentoso, produtivo e bem sucedido. A capacidade dos participantes de criar um
clima de harmonia interna faz com que o talento de cada um seja aproveitado.
Muita
das vezes para realizar determinadas tarefas é preciso recorrer a outras redes
de trabalho. Essa equipe, mesmo que temporária, é um fator crucial para o
sucesso no trabalho. Numa pesquisa feita com engenheiros e cientistas de níveis
brilhantes e medianos dos Laboratórios Bell, procurou-se saber por que alguns
se destacam, enquanto que outros continuavam na média. A pesquisa concluiu que
ambos possuíam elevado QI, o talento acadêmico não era um bom previsor de
produtividade no trabalho. Revelou-se o que fazia diferença era que os
brilhantes tinham uma rede de pessoas chaves a qual mantinham relacionamento.
As coisas tendem a fluir mais para as pessoas que investem no cultivo de bons
relacionamentos, essas pessoas podem ser úteis nos momentos de emergência. Um
profissional médio dos Laboratórios Bell quando apresentava seus projetos
entrava em contato com os gurus técnicos e ficava aguardando o retorno, quando
não tinha resposta ficava frustrado. Os profissionais excepcionais raramente
enfrentavam tais situações, pois já tinham montado redes confiáveis, quando
ligavam recebiam a resposta rapidamente.
A
organização em si é formada para estabelecer os problemas previsíveis, quando
surgem os imprevistos, a organização informal mostra a sua importância.
A
inteligência emocional é uma ciência que pode ser adquirida e, portanto pode
ser aplicada. Há de se observar certos traços dos lideres que desenvolvem a
inteligência emocional:
Equilíbrio:
Habilidade em que o líder sabe onde está pisando; Paixão: Aptidão que estimula
a avançar, essa força que tonifica a vida; Controle: Capacidade para manter o
domínio firmemente, possibilitando lidar com ambiente e as pessoas através da
autodisciplina; Amor: Disposição para unir as pessoas, estimulando-as para
trabalhar lado a lado, incansavelmente; Individualidade Firme: Competência para
amar a si, isso significa defender sua singularidade pessoal; Lealdade
Inabalável: Sendo leal, somos conscientes da vida dos outros seres humanos e
demonstramos ao outro o mesmo afeto que sentimos por nós; Honestidade
Consciente: Gostar da verdade; Comunicação: Nosso elo com os outros para
compreender e ser compreendido. Os grandes mestres são excelentes
comunicadores; Informação: Nosso antídoto para as incertezas. Se nos falta o
poder da informação, sofremos de ignorância; Transcendência: Fonte de poder que
representa o desapego, a liberdade que é dada aos fatos e assim deixamos de
temer o futuro, proporcionando fé e esperança de que a nossa vida e a dos
outros tem significado.
O
desenvolvimento da inteligência emocional possibilita a aplicação do
conhecimento não só no trabalho, mas também em casa, nos relacionamentos com os
amigos, familiares. Uma ferramenta que permite as pessoas terem uma vida mais
saudável.
CONCLUSÃO
O
termo inteligência emocional pode até ser desconhecido por muitas pessoas, mas
sua aplicação é conhecida e sem dúvida é um conhecimento de fundamental
importância ao administrador.
Através
da exposição de todas estas informações, a emoção é inegavelmente uma das
variáveis de grande expressão nas organizações. Com a competitividade do mundo
globalizado, as empresas estão investindo na formação de lideres cada vez mais
capacitados, pois a liderança eficiente consegue suavizar os conflitos, alinhar
idéias e mostrar resultados consistentes na lucratividade.
O
administrador que quer conquistar seu espaço no mercado deve ater-se a esta
ferramenta. Buscar aumentar seu QE, pois o controle emocional possibilita uma
visão multifocal das situações, uma aptidão de aplicação tanto na vida
profissional quanto na pessoal.
Fonte: Administradores
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