Promover o fortalecimento dos
microempreendimentos com acesso facilitado ao crédito popular, vai exigir
também das instituições de crédito popular deste País, a aplicação de um modelo
de gestão eficiente, adotando os princípios da independência, confiança e
autosustentabilidade.
Quando o
economista Muhammad Yunus, criou o Grameen Bank
(Banco da Aldeia), apoiada por professores e estudantes de economia da
Universidade de Chettagong, estava convencido que a fome do
povo de Bangladesh não resultava da falta de comida, mas sim, da
incapacidade de uma grande parte da população de comprá-la por falta de
dinheiro.
O acesso facilitado ao
crédito produtivo popular, na região mais pobre, sobretudo na zona rural
de Bangladesh, possibilitaria a inclusão social das mulheres que ainda sofriam
diversos outros preconceitos. O sistema baseado em aval solidário
considerava um aporte de dinheiro para desenvolver pequenos negócios, em
particular, o de produtores pobres.
Evidentemente que o
crédito sozinho não resolve o problema da pobreza. Outros fatores são
importantes como o acesso universal à educação de qualidade, saúde,
inclusão digital e infraestrutura de apoio. O projeto de Yunus
(microcrédito), considera a pobreza como um fenômeno multidimensional, que
envolve as seguintes dimensões: política social, tecnológica e
psicológica, entendendo esses elementos bastantes interligados.
De acordo com Yunus
(1997), a teoria econômica convencional, que atribui aos mercados a
capacidade de otimizar a utilização dos fatores e satisfazer da melhor maneira
possível todos os agentes econômicos era totalmente irrelevante para
combater a pobreza. Os microempreendedores, encontram-se em
situação de dificuldade, sem acesso ao mercado, ao crédito e capacitação
qualificada. Ainda é difícil para um microempreendedor obter pequenas quantias
de dinheiro para começar um novo negócio ou expandir um negócio existente.
Muitos destes microempreendedores ainda dependem de agiotas locais, tomando
empréstimos a juros altíssimos para comprar mercadorias e imobilizar os seus
micronegócios.
Há uma experiência de
sucesso no Brasil, com o Crediamigo do Banco do Nordeste, metodologia
baseada na prática da garantia social, do aval solidário, da relação de
confiança, reciprocidade e participação solidária. Tem a figura do fiador
coletivo, que consiste neste aval solidário, formando grupos de 3 a 5 pessoas
avalizando mutuamente. Na realidade, o crédito em si não gera oportunidades,
mas viabiliza a realização das oportunidades de negócios existentes,
estimulando o empreendedorismo, e quando este crédito funciona de forma
eficiente, fortalece os microempreendimentos.
Os pequenos negócios,
de jovens e mulheres de baixa renda, são os mais afetados pelo sistema
financeiro nacional, considerando que estes microempreendedores raramente têm
acesso aos créditos públicos facilitados e as isenções que as médias
e grandes empresas possuem. Acredito no estudo do prof. Marcelo
Nery do centro de políticas sociais do IBRE/FGV, quando ele
defende a ampliação do microcrédito no País, e ressalta
especificamente o impacto do Crediamigo, o maior programa de crédito popular do
Brasil.
É preciso que as
políticas públicas dos governos locais, estimulem a criação de Bancos do Povo,
Bancos da Mulher, Bancos Comunitários, ONGs, OSCIP, para aumentar a
oferta de microcrédito ou crédito solidário. Estatísticas da OIT-
Organização Internacional do Trabalho, indicou no Brasil, em 2000, 6
milhões de clientes prováveis de microcrédito, com uma demanda de
aproximadamente de 11 bilhões de reais. Nesse período, as instituições de
microcrédito somente atendiam 115 mil clientes com uma carteira ativa de 85
milhões de reais.
Promover o
fortalecimento dos microempreendimentos com acesso facilitado ao crédito
popular, vai exigir também das instituições de crédito solidário
deste País, a aplicação de um modelo de gestão eficiente, adotando os
princípios da independência, confiança e autosustentabilidade. Se houve
uma melhoria significativa na oferta de microcrédito, os microempreendedores
deveriam tomar mais crédito bancário para a abertura de seus pequenos
negócios. Uma análise dos resultados destas experiências de microcrédito
no País, vai nos mostrar se realmente está acontecendo incremento n renda das
famílias, geração de emprego, melhorias na educação gerando a inclusão
social.
Quais os
fatores que os microempreendedores acham que mais dificultam o seu negócio?
Qual é a
origem do capital empregado para iniciar seu próprio negócio?
A elaboração de uma
pesquisa vai responder quais fatores impedem o progresso dos
microempreendimentos: falta de clientes, falta de capital de giro, muita
concorrência, ausência de mão de obra qualificada, ausência de gestão e de
planejamento.
A eficácia do programa
de microcrédito ou crédito solidário, requer um modelo de excelência na
estratégia de gestão destas instituições, que certamente irão mitigar o efeito
negativo das reclamações dos empreendedores de baixa renda, quanto da falta de
oportunidades iguais para todos
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