Doar pode parecer um tanto complexo, pois na maioria das vezes esta palavra vem carregada de um preconceito filantrópico equivocado. Entretanto, o que quero transmitir quando lhe pergunto o que você é capaz de doar, é tentar identificar o quão disposto você está para dedicar-se a um trabalho onde pode ou não obter frutos. Digo isto, porque grande parte das pessoas que entram em contato comigo, o fazem por estarem procurando o que fazer da vida e empreender. Bem, por experiência própria, sempre as respondo para investigarem a si mesmas sobre seus talentos, mas talvez essa não seja a melhor forma de respondê-las. Vamos entender porque…
ONDE ESTÁ O NOSSO TALENTO?
O nosso talento está no nosso coração, na nossa paixão, na nossa motivação de viver. Definitivamente ele não está na razão e tampouco em nossos argumentos intelectivos. Nosso talento está debaixo de toda a sujeira que acumulamos e como não é possível neste mundo viver sem razão, preferimos esconder a paixão e deixar a razão vir à tona para nos trazer algum tipo de conforto.
Se quisermos descobrir onde está o nosso talento e o que desejamos fazer das nossas vidas, precisamos investigar o que seríamos capazes de doar, ou seja, o que seríamos capazes de fazer se vivêssemos em um mundo perfeito, sem nenhum problema, seja financeiro ou emocional, enfim, um mundo pleno. Se habitássemos esse mundo e não precisássemos mais trabalhar, após um longo descanso, qual atividade desempenharíamos de bom grado e sem qualquer esforço?
Esta é uma das perguntas do meu novo e-book Autocoaching 2011 e com a chegada de tantas pessoas novas ao meu blog, questionando-se sobre o mesmo tema que abordo no e-book, resolvi explorar mais a fundo esta questão. Se nos frustramos por causa da grande e imensa sujeira a nós trazida pela razão, o que seríamos capazes de fazer pela nossa paixão? Veja bem, que não estou propondo que façamos nada agora, a não ser pensarmos no que seríamos capazes de fazer se não nos faltasse dinheiro, alimento ou saúde? É nesta resposta que provavelmente estará o nosso talento.
TALENTO = ALIMENTO PARA A ALMA
Diferentemente do dinheiro que ganhamos com nossas profissões e que alimenta o nosso corpo e o mantém funcionando, o talento é o verdadeiro ganha-pão que há muito tempo nos esquecemos de valorizar. Temendo que o nosso corpo passe fome, deixamos nosso espírito na sarjeta, prostituindo nossos talentos (o que de mais belo e único carregamos) em troca de favores miseráveis.
Passamos fome de espírito, corrompendo a todo momento a nós mesmos. Nossa alma já padecendo em sofrimento e amargura fica cinza e sucumbe a proposta imperiosa do dogmatismo capitalista que vivemos. Isto é algo como ver um bebê nascer e logo morrer de fome, sem alimento qualquer que o motive à vida. Todos, sem exceção estamos morrendo, estamos apagados, vivendo em busca de resultados inócuos e indiferentes à nossa própria existência.
É PRECISO PARAR DE TRABALHAR PELOS RESULTADOS
Se pararmos para refletir um só minuto sobre o quão o dinheiro é importante para nós, notaremos que a grande e maior parte do nosso dia vivemos sem depender dele para viver. Temos uma casa, roupas e alimentos, mas isso tudo proporciona somente 5% do conforto necessário para andarmos confiantes e de cabeça erguida durante o nosso dia de trabalho. São os outros 95% que fazem toda a diferença entre o bom e o mau profissional.
Duas pessoas que trabalhem ganhando o mesmo salário e que morem no mesmo lugar e tenham mais ou menos as mesmas condições de vida, podem se comportar totalmente diferente nas suas profissões se uma delas for completamente apaixonada pelo o que faz. Se uma dessas pessoas é apaixonada pela sua profissão e a outra não, esta última está deixando passar a oportunidade de tornar-se ela mesma, para viver nas sombras de outra pessoa em troca de algumas moedas de “ouro”.
QUANDO O SALDO DA CONTA BANCÁRIA JÁ NÃO INFLUENCIA MAIS NO HUMOR
Outro dia notei isso, quando me propus a fazer uma retrospectiva dos meus últimos anos. De uma certa forma, minha vida tomou um rumo diferente (para melhor) quando comecei a não ser mais influenciado pelos dados do saldo da minha conta bancária. Tanto fazia para mim se estava no negativo ou no super positivo. O que tinha passado a importar para mim, era se naquele dia eu estava tendo a oportunidade de me destacar no meu mercado de trabalho e dentro daquela atividade à qual era apaixonado. Não fazer o que amava me deixava agora, mais mau humorado que verificar que minha conta bancária tinha entrado no vermelho.
Passei a lidar com os problemas de uma forma muito mais tranquila e observadora que antes, quando me apegava tanto ao personagem que vivia, que era incapaz de devolver a mim, a minha própria vida. Nosso conforto precisa de um saldo positivo entre nossas entradas e saídas, mas não será também verdade que a nossa capacidade de gerar riqueza esteja diretamente ligada à nossa capacidade de gerenciar os nossos talentos para dedicá-los totalmente à doação sem esperar nada em troca?
Entenda que você deve ganhar algo como fruto do seu trabalho, mas essencialmente você faz o seu trabalho por simplesmente fazê-lo e não mais buscando os frutos antes da semear o seu serviço.
Certa vez, um sábio colocou um jovem de frente a uma janela de vidro e mostrou-lhe a rua perguntando-lhe o que via à sua frente. O jovem simplesmente respondeu que via algumas pessoas caminhando e um homem de rua pedindo esmola. O sábio, assentindo com a cabeça, colocou então no lugar da janela, um espelho e tornou a fazer a mesma pergunta ao jovem: – O que vês através da janela? Desta vez, o jovem atônito, respondeu que apenas via a sua face e nada mais. Neste momento o sábio disse ao jovem:O que você faz diariamente é o que construirá o que você fará amanhã. Reflita antes de ir trabalhar.
- Note que tanto a janela quanto o espelho são feitos do mesmo material, com a diferença que o espelho possui um leve filete de prata passando por detrás dele e foi apenas por causa desse filete de prata que você olhou para si ao invés de olhar para os outros. Remova o filete de prata da sua frente e enxergue o mundo como ele é, pois ele é o que ele é, quer você esteja olhando para ele ou para si, ele continuará lá, sendo o que ele sempre foi e sempre será.
Fonte: Insistimento
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