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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Você é capaz de trabalhar sem esperar resultados?

A resposta para essa pergunta é com certeza sim, porém, a maioria das pessoas titubeiam quando questionadas sobre a origem de suas motivações para o trabalho. Acredito fielmente que Steve Jobs, Bill Gates ou Mark Zuckerberg não trabalham pelo dinheiro e sim porque gostam de trabalhar. Acredito também que uma pessoa que trabalhe simplesmente pelo trabalho rende mais do que aquela pessoa que trabalha esperando colher os frutos deste, ou seja, por puro interesse. De um lado temos o egoísmo e de outro o altruísmo que nos faz chegar a pergunta: o quanto somos capazes de doar?

Doar pode parecer um tanto complexo, pois na maioria das vezes esta palavra vem carregada de um preconceito filantrópico equivocado. Entretanto, o que quero transmitir quando lhe pergunto o que você é capaz de doar, é tentar identificar o quão disposto você está para dedicar-se a um trabalho onde pode ou não obter frutos. Digo isto, porque grande parte das pessoas que entram em contato comigo, o fazem por estarem procurando o que fazer da vida e empreender. Bem, por experiência própria, sempre as respondo para investigarem a si mesmas sobre seus talentos, mas talvez essa não seja a melhor forma de respondê-las. Vamos entender porque…
ONDE ESTÁ O NOSSO TALENTO?
O nosso talento está no nosso coração, na nossa paixão, na nossa motivação de viver. Definitivamente ele não está na razão e tampouco em nossos argumentos intelectivos. Nosso talento está debaixo de toda a sujeira que acumulamos e como não é possível neste mundo viver sem razão, preferimos esconder a paixão e deixar a razão vir à tona para nos trazer algum tipo de conforto.
Se quisermos descobrir onde está o nosso talento e o que desejamos fazer das nossas vidas, precisamos investigar o que seríamos capazes de doar, ou seja, o que seríamos capazes de fazer se vivêssemos em um mundo perfeito, sem nenhum problema, seja financeiro ou emocional, enfim, um mundo pleno. Se habitássemos esse mundo e não precisássemos mais trabalhar, após um longo descanso, qual atividade desempenharíamos de bom grado e sem qualquer esforço?
Esta é uma das perguntas do meu novo e-book Autocoaching 2011 e com a chegada de tantas pessoas novas ao meu blog, questionando-se sobre o mesmo tema que abordo no e-book, resolvi explorar mais a fundo esta questão. Se nos frustramos por causa da grande e imensa sujeira a nós trazida pela razão, o que seríamos capazes de fazer pela nossa paixão? Veja bem, que não estou propondo que façamos nada agora, a não ser pensarmos no que seríamos capazes de fazer se não nos faltasse dinheiro, alimento ou saúde? É nesta resposta que provavelmente estará o nosso talento.
TALENTO = ALIMENTO PARA A ALMA
Diferentemente do dinheiro que ganhamos com nossas profissões e que alimenta o nosso corpo e o mantém funcionando, o talento é o verdadeiro ganha-pão que há muito tempo nos esquecemos de valorizar. Temendo que o nosso corpo passe fome, deixamos nosso espírito na sarjeta, prostituindo nossos talentos (o que de mais belo e único carregamos) em troca de favores miseráveis.
Passamos fome de espírito, corrompendo a todo momento a nós mesmos. Nossa alma já padecendo em sofrimento e amargura fica cinza e sucumbe a proposta imperiosa do dogmatismo capitalista que vivemos. Isto é algo como ver um bebê nascer e logo morrer de fome, sem alimento qualquer que o motive à vida. Todos, sem exceção estamos morrendo, estamos apagados, vivendo em busca de resultados inócuos e indiferentes à nossa própria existência.
É PRECISO PARAR DE TRABALHAR PELOS RESULTADOS
Se pararmos para refletir um só minuto sobre o quão o dinheiro é importante para nós, notaremos que a grande e maior parte do nosso dia vivemos sem depender dele para viver. Temos uma casa, roupas e alimentos, mas isso tudo proporciona somente 5% do conforto necessário para andarmos confiantes e de cabeça erguida durante o nosso dia de trabalho. São os outros 95% que fazem toda a diferença entre o bom e o mau profissional.
Duas pessoas que trabalhem ganhando o mesmo salário e que morem no mesmo lugar e tenham mais ou menos as mesmas condições de vida, podem se comportar totalmente diferente nas suas profissões se uma delas for completamente apaixonada pelo o que faz. Se uma dessas pessoas é apaixonada pela sua profissão e a outra não, esta última está deixando passar a oportunidade de tornar-se ela mesma, para viver nas sombras de outra pessoa em troca de algumas moedas de “ouro”.
QUANDO O SALDO DA CONTA BANCÁRIA JÁ NÃO INFLUENCIA MAIS NO HUMOR
Outro dia notei isso, quando me propus a fazer uma retrospectiva dos meus últimos anos. De uma certa forma, minha vida tomou um rumo diferente (para melhor) quando comecei a não ser mais influenciado pelos dados do saldo da minha conta bancária. Tanto fazia para mim se estava no negativo ou no super positivo. O que tinha passado a importar para mim, era se naquele dia eu estava tendo a oportunidade de me destacar no meu mercado de trabalho e dentro daquela atividade à qual era apaixonado. Não fazer o que amava me deixava agora, mais mau humorado que verificar que minha conta bancária tinha entrado no vermelho.
Passei a lidar com os problemas de uma forma muito mais tranquila e observadora que antes, quando me apegava tanto ao personagem que vivia, que era incapaz de devolver a mim, a minha própria vida. Nosso conforto precisa de um saldo positivo entre nossas entradas e saídas, mas não será também verdade que a nossa capacidade de gerar riqueza esteja diretamente ligada à nossa capacidade de gerenciar os nossos talentos para dedicá-los totalmente à doação sem esperar nada em troca?
Entenda que você deve ganhar algo como fruto do seu trabalho, mas essencialmente você faz o seu trabalho por simplesmente fazê-lo e não mais buscando os frutos antes da semear o seu serviço.
Certa vez, um sábio colocou um jovem de frente a uma janela de vidro e mostrou-lhe a rua perguntando-lhe o que via à sua frente. O jovem simplesmente respondeu que via algumas pessoas caminhando e um homem de rua pedindo esmola. O sábio, assentindo com a cabeça, colocou então no lugar da janela, um espelho e tornou a fazer a mesma pergunta ao jovem: – O que vês através da janela? Desta vez, o jovem atônito, respondeu que apenas via a sua face e nada mais. Neste momento o sábio disse ao jovem:
- Note que tanto a janela quanto o espelho são feitos do mesmo material, com a diferença que o espelho possui um leve filete de prata passando por detrás dele e foi apenas por causa desse filete de prata que você olhou para si ao invés de olhar para os outros. Remova o filete de prata da sua frente e enxergue o mundo como ele é, pois ele é o que ele é, quer você esteja olhando para ele ou para si, ele continuará lá, sendo o que ele sempre foi e sempre será.
O que você faz diariamente é o que construirá o que você fará amanhã. Reflita antes de ir trabalhar.

Fonte: Insistimento

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