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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Ser bom não conduz ninguém ao sucesso

Isso parece óbvio. De onde, então, surge o instinto geral de que a bondade, na vida, deve ser seguida de sucesso? Podemos combater um erro com êxito apenas quando compreendemos a verdade que está no cerne deste erro, dando-lhe vitalidade e levando-o à sua expansão e persistência. A verdade, nesse caso, é que, colocando-se de acordo com os seus talentos e as leis, o homem terá a felicidade como resultado dessa harmonia. O erro está em identificar o sucesso mundano com a felicidade, pondo de lado o elemento tempo.

Trecho de texto de Annie Beasant do livro Um Estudo Sobre o Karma
Um homem que vai entrar no ramo dos negócios resolve ser honesto, resolve não procurar tirar vantagens injustas dos outros. Ele vê os que são desleais e inescrupulosos passarem à sua frente; se for fraco, sentir-se-á desencorajado e, talvez, se resolva a imitá-los. Se for forte, dirá: “Trabalharei em harmonia com as leis, não importa quais sejam os resultados terrenos.” Daí por diante, a paz interior e a felicidade estarão com ele, mas ele não terá sucesso. Apesar disso, com o correr do tempo, até isso pode acontecer com ele, porque o que ele perde em dinheiro ganha em confiança, entretanto o homem que trai uma vez, pode trair novamente a qualquer tempo, e ninguém mais confiará nele.
Numa sociedade de competição, a falta de escrúpulos traz sucesso imediato, enquanto numa sociedade cooperativa a consciência “valerá a pena”. Dar salários de fome aos trabalhadores, forçados pela competição a aceitá-los, pode levar a um sucesso imediato sobre os rivais nos negócios, e o homem que paga salários decentes para os empregados pode ver-se ultrapassado na corrida pela riqueza, mas, com o tempo, terá melhor rendimento de trabalho e, no futuro, contará com uma colheita de felicidade, pois para isso lançou a semente.
Temos de decidir sobre a nossa conduta e aceitar seus resultados, sem reconhecer nem o dinheiro, nem a injustiça como pagamento da bondade, enquanto a astúcia inescrupulosa obtém aquilo que busca.
Uma história hindu, instrutiva, se não agradável, fala sobre um homem que tinha prejudicado a outro. O prejudicado foi pedir justiça ao rei. Quando lhe foi dito que ele próprio deveria escolher a punição a ser dada ao seu inimigo, o homem pediu ao rei que enriquecesse aquele que o prejudicara. Quando lhe perguntaram a razão do seu estranho comportamento, com um riso sardônico ele disse que a fortuna e a prosperidade terrena dariam àquele homem a oportunidade de fazer o mal, e assim acarretariam para ele amargo sofrimento na vida após a morte.
O pior inimigo da virtude costuma ser uma situação material folgada, e essa situação, que é vista como boa, muitas vezes é, ao contrário, uma coisa ruim nos seus resultados. Muitas pessoas que vivem razoavelmente bem na adversidade, desmandam-se na prosperidade, e se intoxicam com os prazeres. Vamos considerar de que forma um homem afeta o seu ambiente, ou, para usar uma frase científica, de que forma um organismo atua no seu ambiente.
O homem afeta o seu ambiente de inúmeras maneiras, que podem, todas, ser classificadas em três formas de auto-expressão: afeta-o pela Vontade, pelo Pensamento e pela Ação.
(…)
MINHA CONCLUSÃO
Se desejamos alterar os efeitos presentes na nossa vida atual, temos que alterar as causas desses efeitos. Se queremos dar pêssegos, antes temos que nos tornar o pessegueiro. A bondade nada tem a ver com o sucesso material, apesar de termos sido “domesticados”educados a trabalhar com o olhar na recompensa. Além disso, o sucesso material nem é bom e nem é ruim, é simplesmente um efeito de ações previamente executadas com astúcia. Um empreendedor enxerga uma oportunidade e trabalha para aproveitar aquela oportunidade com astúcia, podendo assim ficar rico ou não.
Temos que trabalhar pelo trabalho, diariamente, tentando com todas as nossas forças obedecer à Vontade que nos impulsiona a agir de acordo com os nossos talentos. Além disso, a cada dia de trabalho devemos agir com sabedoria exercitando o Pensamento sobre todas as nossas relações com o mundo externo (pessoas, objetos, empresas, etc.) e obtendo através do cultivo desse hábito de pensar a experiência necessária para persistirmos na nossa evolução desempenhando formidavelmente nossos papéis, cultivando virtudes e eliminando vícios. Só assim, conseguiremos agir de forma hamoniosa em cada uma das nossas Ações (quando nos manifestamos no mundo externo).
De forma prática, temos que pensar o que sentimos, falar o que pensamos e agir de acordo com o que falamos. Quando uma dessas causas não é colocada em prática, o efeito resultante fica desalinhado com a nossa felicidade.
Duas coisas são muito importantes:
1. Podemos morrer amanhã
Se podemos morrer amanhã, porque conduzir nossas empresas de forma equivocada, prejudicando a outras pessoas para tirar proveito de determinada situação?
2. O hoje não é permanente
Se o hoje é transitório, porque nos apegarmos tanto aos problemas mínimos do dia a dia ao invés de nos atentarmos para cada lição que existe naqueles pequenos acontecimentos, para através da experiência trazida com esse aprendizado, evoluirmos dia após dia.
O empresário que resolve ser bom, pode não ter sucesso, mas a felicidade já estará com ele porque ele desempenha corretamente o seu papel de empresário. Quem não cumpre a lei, é ladrão e é este o papel que está desempenhando ao invés do papel de empresário. Da mesma forma a pessoa que resolve seguir os seus talentos, pode não ter sucesso, mas a felicidade já estará com ela porque ela desempenha corretamente o papel pelo o qual o seu coração bate. Quem não faz o que o coração pede, é incoerente, vive em desarmonia e busca prazer, vivendo uma vida que não deveria estar vivendo, já que a que ela deveria viver, ficou escondida em algum poço no fundo do seu coração.

Fonte: Insistimento

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