Qualidade de vida e trabalho: dá para separar? - Para refletir
Não consigo acreditar que uma pessoa possa ser dividida desta forma. Ou ela estará bem e vai produzir com prazer ou do contrário, não vai. Por exemplo, uma mulher que está com dificuldades para conciliar, trabalho, casa, família, pode trabalhar bem? Sim, pode. Mas não como quando está tranqüila, sabendo que seus filhos estão bem cuidados e a casa em ordem. Então, ela precisa de recursos que lhe possibilitem isso.
CHIAVENATO, diz que a qualidade de vida no trabalho passou a ser uma preocupação quase que obsessiva das empresas bem sucedidas. Elas chegaram à conclusão de que a qualidade de seus produtos e serviços é fortemente condicionada pela qualidade de vida, seja no trabalho ou fora dele, das pessoas que os produzem. Para garantir a qualidade de vida dos funcionários, como um contexto dentro do qual as pessoas sintam-se envolvidas e estimuladas a dar o melhor possível de si próprias.
Vejamos: uma mulher que acorda por volta das 6h, prepara o café para os filhos (o marido já foi trabalhar), no caminho para o trabalho deixa um filho na escola e o outro na creche. Segue em direção ao ponto de ônibus e fica cerca de 40 minutos esperando uma condução, que lhe permita ao menos colocar os dois pés no chão. Ela chega ao trabalho com 15 minutos de atraso, seu chefe não fala nada (ele a entende), mas olha discretamente para o relógio.
Ela está com fome, pois no meio da correria para arrumar os filhos e alimentá-los, não teve sequer a chance de tomar um café. Sabe que até a hora do almoço, faltam quatro horas. Passa a manhã "bebericando" cafezinhos e na hora do almoço, seu estômago já está ardendo como brasa. Vai ao refeitório da empresa e se depara com uma "big feijoada" e de opção: ovos. Seu estômago em pandarecos, vê aquilo desnorteado. Tudo bem, ela está com fome e come a feijoada. Passa a tarde "lembrando" do almoço e pensando: “bem que poderia ter uma "sopita" como opção ou um frango grelhado. Ela sai do trabalho, está chateada porque não conseguiu pagar o condomínio e vai ter que desembolsar 20% de multa no dia seguinte. Mas, também, como pedir ao chefe para ir ao banco se já chegou atrasada? Novamente condução lotada, pegar os filhos, preparar o jantar e continuar o ciclo...
Sabemos que as organizações não podem ser responsabilizadas pelos problemas sociais. Mas, será que não podem ou devem ajudar a minimizá-los?
Cada ambiente organizacional deverá estar adequado em termos de metas e objetivos, realizando tarefas e rotinas que agregem valor aos produtos e serviços, impactando a sua qualidade final. Este conjunto de rotinas e procedimentos deve ser dinamicamente analisado e otimizado sempre que possível.
Oferecer transporte ao funcionário é uma prática saudável. Creche no local de trabalho, idem (ou reembolso correspondente que permite ter alguém em casa para cuidar dos filhos). Auxílio alimentação: isso é excelente, pois ajuda a garantir o sustento da família! A compreensão do chefe quando o colaborador chega atrasado, é outro ponto que faz diferença.
Enfim, um horário flexível que considere que existe vida além das fronteiras da empresa, que as pessoas precisam ir ao médico, ao banco e, que por pura coincidência, isso geralmente ocorre no horário comercial (negociar uma forma de compensação – ser flexível, afinal não temos contas ou médico todos os dias).
A maioria dos itens pode ser deduzida no IR da empresa e o retorno do funcionário é "impar". Isso sim, é um começo para trabalhar a qualidade de vida no trabalho, sem subdividir o indivíduo. É certo que há outros itens, alguns dependem do próprio funcionário, como auto-motivação que pode ser conseguida por meio da atuação naquilo que lhe traga mais que dividendos, que lhe traga prazer.
Claro que há muito mais que as empresas podem fazer e, felizmente, algumas empresas já o fazem, por meio de diversos benefícios: 14º, participação nos lucros, horário flexível, etc. Hoje acreditamos que mais do que dar aquilo que o cliente espera é necessário encantá-lo, superando suas expectativas. Isso só se torna possível com funcionários motivados e que acreditam naquilo que estão realizando e sabem porque o estão fazendo, proporcionando-lhes prazer profissional que se estende a todos os campos da vida do indivíduo.
“A abordagem da higiene e segurança no trabalho se volta cada vez mais para a melhoria das condições de saúde das pessoas, a preservação da sanidade física e mental, a boa alimentação e, conseqüentemente, a qualidade de vida das pessoas e sua capacidade de produzir mais e melhor. Por outro lado, as condições ambientais que asseguram conforto e segurança na empresa e, conseqüentemente, melhoria da qualidade de vida também são fortemente realçadas.
Acho que estamos no caminho. Em paralelo, o mundo segue rumo à Qualidade Total e isso exige indivíduos satisfeitos, bem preparados, com disponibilidade mental para efetivamente trazer novas idéias e sugestões para melhorar o produto, a empresa e a sociedade.
Por Maria do Carmo Ferreira Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário