Está muito claro para mim que empreendedores são aquelas pessoas que conseguem acima de qualquer objetivo profissional, unir suas forças para ultrapassar as barreiras que elas construíram para si próprias. Mesmo aquelas pessoas que não possuem uma empresa aberta são empreendedores. Refletindo sobre isso, percebi na observação de moradores de rua uma grande possibilidade de aprendizado do que fazer e do que não fazer como empreendedores à frente dos nossos negócios. Embarcando nesta comparação, espero que reflitamos juntos sobre as coisas que podemos fazer de melhor para parar de mendigar por aí.
PARE DE ESMOLAR E ASSUMA SUAS RESPONSABILIDADES
Podemos notar na população de moradores de rua que eles são de dois tipos: os que esmolam e os que trabalham. Os que esmolam ainda não se deram conta de que basta se decidirem por assumir a responsabilidade pelas suas vidas, que logo conseguirão sair da situação em que se encontram. Tal qual empreendedores que apesar de sentirem no coração que são capazes de fazer muito pelas suas vidas, preferem esmolar atrás de uma carteira de trabalho. Empreendedores que ainda não se realizaram como empreendedores, são como moradores de rua que não trabalham. Eles perambulam de um lado para o outro aguardando uma oportunidade, esquecendo-se que a oportunidade lhes é concedida a cada dia em que abrem seus olhos.
FORTALEÇA-SE EMOCIONALMENTE PARA PODER CONTINUAR
Entendo o ser humano como um ser composto de três corpos: o físico, o emocional e o espiritual. Depois que constituímos o nosso corpo físico, forte e maduro, precisamos possuir um corpo emocionalmente forte para sair da zona de conforto todos os dias. Não deve ser fácil morar na rua e ter que levantar para catar latinhas de alumínio ou pedaços de papel e papelão para vender. Da mesma forma que não é fácil acordar cedo todos os dias para assumir e resolver os problemas das nossas empresas. Em ambos os casos, nós, seres humanos, precisamos de uma motivação, que vem do corpo emocional, para fazermos o que precisa ser feito.
Imagino que um morador de rua teve um problema tão grande na sua vida, que o abalou tanto, que o fez preferir a inércia a ação. Penso que é algo como se abandonar e deixar-se cair em meio a um mundo de possibilidades, ignorando todas elas e preferindo não agir. Isso é a mesma coisa que um empreendedor que prefere a prisão das 9hs às 17hs dos escritórios para não fazer aquilo que sente que deveria ser feito: correr atrás dos seus objetivos como empresário custe o que custar. Lhe falta confiança, auto-estima e controle, principalmente. Ambos, moradores de rua e maus empreendedores, não confiam que basta dar o primeiro passo firme em direção ao futuro que se merece, que este se abrirá à sua frente.
COMPREENDA QUE NÓS CRIAMOS NOSSAS PRÓPRIAS ARMADILHAS
Nós traçamos objetivos com a ideia errônea de que basta tê-los traçado que eles serão concluídos. Para sair de uma zona de conforto e chegar a outra, é preciso muito esforço e disciplina, além de atenção contínua às próprias arapucas que armamos para nós com o objetivo de justificar que não deveríamos ter saído do lugar onde estávamos. É impressionante como isto é real. Quem aqui nunca tomou uma decisão e não desistiu no meio do caminho ao invés de persistir? Eu mesmo já tentei empreender várias vezes e quando vi que era tão complicado, resolvi desistir. Me coloquei em situações de dor para me mostrar o quão errado eu estava em ter saído do lugar anterior justamente para reforçar o meu pensamento de que empreender não era algo bom. Nós precisamos decidir, confiar e persistir, pois nós vamos criando armadilhas para nós mesmos de modo a provar que estamos errados conforme damos um passo para frente. É preciso ter cuidado com o que se pensa sobre nós mesmos e sobre a vida, pois provavelmente nós devemos estar errados.
PARE DE PENSAR EM CURTO PRAZO
Ao invés de pensar a longo prazo, ambos, mendigos e maus empreendedores, pensam em curto prazo, preferindo satisfazer sua fome hoje do que concluir seus objetivos no futuro. Um mendigo gasta grande parte do dinheiro que recebe com cigarros e bebidas, assim como um mau empreendedor gasta grande parte do dinheiro que ganha para satisfazer seus desejos materiais ao invés de reinvestir na sua empresa. É desta forma que ambos acabam demorando muito mais tempo para conseguir romper a barreira da mendicância. Maus empreendedores não oferecem seus serviços ou produtos, eles pedem uma ajuda porque pensam em satisfazer suas necessidades de agora, ao invés de agir como se estivessem construindo o futuro das suas empresas.
Um mendigo pode ter tentado sair um dia da posição em que estava, mas achou tão complicado abdicar de certos pequenos prazeres para poder juntar dinheiro e pouco a pouco sair da zona de miséria em que estava, que preferiu continuar na mesma. Um empreendedor também pode ter tentado sair da classificação de empregado abdicando de certos benefícios para tentar por si só ganhar sua própria vida, mas sentiu-se fracassado quando seus primeiros meses de empresa fecharam no vermelho. Se você pensa a longo prazo, você abdica dos pequenos benefícios e foca no futuro do seu planejamento.
NÃO PEÇA ESMOLA, GERE VALOR PARA A VIDA DAS OUTRAS PESSOAS
Enquanto ficarmos com a mão estendida esperando que alguém sinta pena de nós e deposite alguma quantia de dinheiro nas nossas mãos, não iremos sair de onde estamos. Precisamos ouvir e conhecer o que as outras pessoas precisam que seja feito para oferecer a elas o nosso serviço. Só isso gera valor para a vida do outro e produz resultados melhores tanto na vida da pessoa satisfeita com o nosso serviço como na nossa própria vida. O ganho é muito maior porque é mútuo e toda a sociedade cresce.
Precisamos percorrer o caminho de empreendedor individual para micro-empreendedor, indo depois para pequena empresa, depois média e grande empresa, sem receio de nos arriscarmos, pois cada passo é uma oportunidade com responsabilidade. Sem isso em mente, ou ficaremos estagnados presos na nossa própria vidinha ou voltaremos para as ruas vivendo da pena das pessoas que não nos olham nos olhos e não nos cumprimentam. Empreender definitivamente não é mendigar.
Jornal do Empreendedor
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