Através
de conceitos como “espaços de conhecimento” e “cosmopédia”, ele já prenunciava
o surgimento da Wikipédia e a eficácia da disseminação das redes de comunicação
digital. Há algumas décadas, aborda as implicações da tecnologia na sociedade,
o que culminou em teorias mundialmente conhecidas como a cibercultura e a
inteligência coletiva.
Esse é Pierre Lévy, filósofo francês que não esconde seu posicionamento positivo sobre os ganhos da internet e da comunicação para a sociedade. Segue abaixo entrevista:
O mundo está passando por um momento de reconfiguração de suas estruturas políticas, econômicas e, portanto, sociais. Qual o papel da internet nisso tudo?
Um papel extremamente importante. A infraestrutura da comunicação se remodelou, e nós ainda não vimos todas as consequências políticas, econômicas e culturais dessa revolução. Nós deveríamos compará-la à invenção da escrita.
Quando conceitua o virtual, você o define como tudo aquilo que tem potência para ser, embora ainda não o seja. Como você analisa, sob a luz dessa concepção, o contexto das mobilizações virtuais atualmente?
Em relação ao “poder de se tornar”, eu diria que a internet abre um novo espaço para a liberdade de expressão, porque todos podem publicar, editar e colher informações – mesmo que não tenha nenhum poder econômico. Duas forças se opõem à atualização deste novo poder: governos ditatoriais, que tentarão ao máximo limitar a expressão do povo, e a falta de alfabetização e educação, para usar ao máximo esse ambiente de comunicação.
Você é bastante otimista ao tratar das possibilidades do ciberespaço em favor da democracia em todos os âmbitos. Como você enxerga as restrições que grupos de poder vêm buscando impor à internet? A rede é mesmo livre e incontrolável?
Eu já comentei sobre governos ditatoriais que tentam limitar a liberdade de expressão. Em relação a grandes empresas da internet como Facebook, Google, Twitter, Amazon e afins, talvez seja bom que elas estejam competindo. As barreiras como a falta de transparência e de interoperabilidade são passageiras. Você não pode esperar que tudo seja perfeito agora. Nós devemos medir e apreciar o progresso a partir dos últimos 10 anos e trabalhar para melhorar futuramente.
Você defende que a internet abre possibilidades para o surgimento de uma "inteligência coletiva". O mau uso das ferramentas, o excesso de exposição e a banalidade dos temas repetidos e compartilhados à exaustão, por outro lado, não estariam pondo abaixo essa tese?
Apesar de ser contra a censura, não condenarei a estupidez e a banalidade, que são parte da natureza humana e que existem de qualquer forma na mídia tradicional. Meu esforço é para mostrar como nós podemos explorar as novas possibilidades da comunicação a serviço da inteligência coletiva e do desenvolvimento humano.
Com a multiplicação de gadgets, estamos todos cada vez mais virtualmente conectados. Trabalhamos com um computador, saímos conectados com o smartphone, que substituímos pelo tablet quando estamos em casa. O cibernético não estaria matando o orgânico?
Isto é um absurdo, nós sempre usaremos o nosso corpo. O tablet é apenas muito mais prático e poderoso que uma folha de papel estática. A tecnologia é uma extensão do homem, não um substitutivo.
O fato de os serviços necessários à existência da internet estarem vinculados - na maior parte das vezes - a interesses empresariais pode trazer de volta a velha lógica "massificadora" da comunicação e minimizar a importância da informação compartilhada? Em outras palavras: existe futuro para o princípio da neutralidade da rede?
Interesses empresariais não são um mal em si. Negócios oferecem serviços e criam valores. Se você observar a espiral da comunicação, testemunhará que a massificação foi precisamente o efeito da mídia tradicional, e que a diversificação e personalização é o principal efeito do novo ambiente de comunicação. Vá ao Twitter e à blogosfera e veja você mesmo!
Esse é Pierre Lévy, filósofo francês que não esconde seu posicionamento positivo sobre os ganhos da internet e da comunicação para a sociedade. Segue abaixo entrevista:
O mundo está passando por um momento de reconfiguração de suas estruturas políticas, econômicas e, portanto, sociais. Qual o papel da internet nisso tudo?
Um papel extremamente importante. A infraestrutura da comunicação se remodelou, e nós ainda não vimos todas as consequências políticas, econômicas e culturais dessa revolução. Nós deveríamos compará-la à invenção da escrita.
Quando conceitua o virtual, você o define como tudo aquilo que tem potência para ser, embora ainda não o seja. Como você analisa, sob a luz dessa concepção, o contexto das mobilizações virtuais atualmente?
Em relação ao “poder de se tornar”, eu diria que a internet abre um novo espaço para a liberdade de expressão, porque todos podem publicar, editar e colher informações – mesmo que não tenha nenhum poder econômico. Duas forças se opõem à atualização deste novo poder: governos ditatoriais, que tentarão ao máximo limitar a expressão do povo, e a falta de alfabetização e educação, para usar ao máximo esse ambiente de comunicação.
Você é bastante otimista ao tratar das possibilidades do ciberespaço em favor da democracia em todos os âmbitos. Como você enxerga as restrições que grupos de poder vêm buscando impor à internet? A rede é mesmo livre e incontrolável?
Eu já comentei sobre governos ditatoriais que tentam limitar a liberdade de expressão. Em relação a grandes empresas da internet como Facebook, Google, Twitter, Amazon e afins, talvez seja bom que elas estejam competindo. As barreiras como a falta de transparência e de interoperabilidade são passageiras. Você não pode esperar que tudo seja perfeito agora. Nós devemos medir e apreciar o progresso a partir dos últimos 10 anos e trabalhar para melhorar futuramente.
Você defende que a internet abre possibilidades para o surgimento de uma "inteligência coletiva". O mau uso das ferramentas, o excesso de exposição e a banalidade dos temas repetidos e compartilhados à exaustão, por outro lado, não estariam pondo abaixo essa tese?
Apesar de ser contra a censura, não condenarei a estupidez e a banalidade, que são parte da natureza humana e que existem de qualquer forma na mídia tradicional. Meu esforço é para mostrar como nós podemos explorar as novas possibilidades da comunicação a serviço da inteligência coletiva e do desenvolvimento humano.
Com a multiplicação de gadgets, estamos todos cada vez mais virtualmente conectados. Trabalhamos com um computador, saímos conectados com o smartphone, que substituímos pelo tablet quando estamos em casa. O cibernético não estaria matando o orgânico?
Isto é um absurdo, nós sempre usaremos o nosso corpo. O tablet é apenas muito mais prático e poderoso que uma folha de papel estática. A tecnologia é uma extensão do homem, não um substitutivo.
O fato de os serviços necessários à existência da internet estarem vinculados - na maior parte das vezes - a interesses empresariais pode trazer de volta a velha lógica "massificadora" da comunicação e minimizar a importância da informação compartilhada? Em outras palavras: existe futuro para o princípio da neutralidade da rede?
Interesses empresariais não são um mal em si. Negócios oferecem serviços e criam valores. Se você observar a espiral da comunicação, testemunhará que a massificação foi precisamente o efeito da mídia tradicional, e que a diversificação e personalização é o principal efeito do novo ambiente de comunicação. Vá ao Twitter e à blogosfera e veja você mesmo!
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